sábado, 8 de fevereiro de 2014

Algo podre no reino...

Um dia percebemos que determinado segmento da vida não possui mais o sentido inicial. Que o que buscamos esvaziou como um balão, talvez inflado unicamente por nosso entusiasmo. E verificamos que, quanto mais tempo investimos naquilo que um dia nos pareceu importante, mais sentimos a sensação de inutilidade. Constatamos que o que nos incomoda, pouco ou nada importa aos demais, como se vivêssemos em um universo paralelo. E nessa constatação percebemos que a grande maioria vive acomodada, embora seja um estado que perceptivelmente machuca lentamente, desgasta e faz fortalecer aspectos negativos da personalidade. Criam-se defesas que deveriam estar adormecidas, se naquele segmento houvesse a valorização do ser em suas melhores características. Assistimos alguns lançarem mão de artifícios menores em detrimento da competência, uma verdadeira escalada à custa dos ombros alheios. Tudo possível de entender como comportamento histórico, mas questionável quanto aos valores morais necessários e, mais ainda, quanto à validade de fazermos parte de algo que não apreciamos. Quando percebemos que até a felicidade alheia é objeto de incômodo para alguns, e que o segmento se move visando desconstruir o grupo, sentimos vontade de gritar -pára que queremos descer! A vida é muito curta para ser de pouca qualidade. E qualidade é sentirmos harmonia tendo consciência de nossos atos. É sermos úteis e bons, deixando de lado a mesquinhez, sendo educados e nunca desenvolvermos o hábito de boicotar aos demais como se isso fosse uma vitória, ao invés de uma vergonha. Estamos no mundo e, querendo ou não, somos um exemplo aos que nos substituirão e aos que educamos. De exemplos negativos todos os contextos estão entulhados. Os que estão no comando deveriam ser exemplares, para deixar o melhor legado, porém, permitem que os vícios de conduta se perpetuem. Ao observarmos com cuidado é possível constatar que as mudanças e a valorização do que é positivo, não ocorrem por decorrência de medo. Nos contextos em que as alianças são estabelecidas priorizando as vantagens pessoais, a última das prioridades é a competência, tornando, assim, muito fácil a derrocada de qualquer dos membros. A dança das cadeiras é rotina e a insegurança reina solta e soberana. Todos sofrem os reflexos do que podemos nomear como desordem interesseira, e até as baratas e os ratos conseguem facilmente juntar cartas nas mangas para usar contra alguém e em benefício próprio. A saída mais usualmente adotada pela maioria é a shakespiriana, em Hamlet: fazer-se de louco para não ver que “há algo de podre no reino da Dinamarca”, que, mesmo aparentemente cômoda, violenta a inteligência e o senso moral de quem os tem. Complicado, real e aviltante, mas eu só quis dizer...