Como já havia ocorrido em outras ocasiões, ela entrou na DP
para ser protegida do atual companheiro. Eu ignorava a habitualidade das brigas
travadas pelo casal. Estava iniciando minha carreira policial e, conseqüentemente,
ansiosa por ação. As queixas da mulher me deixaram indignada. Pobre mulher! pensava eu. O companheiro era
usuário de drogas, facão, ameaças, e ela estava impossibilitada de buscar suas
roupas na casa que, até aquele momento, havia sido seu lar. Relatou que tinha medo, enfim,
mil mazelas, mas sem lágrimas. Na ocasião trabalhavam dois delegados
na DP, ambos recém formados e igualmente ávidos por atuar. Em matéria de
experiência na lida com a clientela de uma Delegacia, eles, assim como nós da
Volante, eram totalmente"verdes". Imediatamente ficou determinado que a
mulher, dita cabeleireira, seria levada à casa onde estavam seus pertences, para
retirá-los sob nossa proteção. Era uma época chuvosa e, ao saber da missão, um
colega veterano e morador da cidade alertou para o barro que iríamos encontrar
na estrada. Outro agente, novato também, ao escutar a observação do veterano, e contrariando
o costumeiro, prontamente me passou a chave da viatura para que eu dirigisse – a
gente nunca escapa de ter um metido a esperto entre os colegas. Assumi a direção, e digo para quem não sabe, que com mulher polícia, nem o diabo pode! Saímos em direção
ao tal local, levando junto a cabeleireira, seguidos por outro veículo, no qual
estavam os dois delegados. Dizer que fomos para uma estrada embarrada me parece
muito pouco. Era uma meleca só durante todo o caminho, com a viatura rabeando a cada momento. Confesso que jamais havia dirigido no barro. A mulher indicava o
caminho na base dos “dobra aqui e é logo ali”, intermináveis. Chegamos ao local
finalmente; hora de enfrentar a fera drogada. Visualizamos um sujeito na
soleira da porta. Quando avistou quatro policiais com armas na mão, a criatura
passou a choramingar, chamando pela mulher numa cena lamentável. Colocamos uma
cadeira no lado de fora do barraco e algemamos a ela o “perigoso”, para que não
corresse atrás da protegida. Ele só fazia prantear a ingratidão da cabeleireira
que estava por abandoná-lo. Reunidos em trouxas os pertences, saímos em
disparada após soltar o homem, que ainda tentou correr atrás dos carros, tal
como faria um cão querendo alcançar seu dono. A propósito, o nome da mulher era
Vera. Em suas exclamações chorosas com características de estado de embriaguez,
ele lamentava: -Vera, querida, eu “chi” amo! Por que isso, Vera!? Não vai
embora, meu amor!
Na operação resgate dos pertences da vítima, dava para
perceber um certo ar de travessura em nós, policiais. Verdinhos,verdinhos! Havíamos
conseguido fugir do Romeu drogado, embora a persistência dele, por instantes,
até nos tenha feito imaginar o contrário.
Voltamos para a DP com os veículos cobertos de barro, jurando que o
episódio estava encerrado. Só que não! Mas eu só quis dizer.
Amei tua história,principalmente a hora da chave da vtr, no meu primeiro plantao,nos idos anos de 93,foi a primeira coisa que o colega fez,me deu a chave e disse vamos dar uma volta,kkkkum opala comodor,que eu nunca havia dirigido e nem sabia onde ligava o farol.
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